Ela
Se fosse simples não chamaria amor, chamaria roubo.
Se soubesses tudo, talvez a virtude derramasse seu ódio contido.
A inocência te traria medo e meu desejo engano de tolo, a fraqueza e sempre a fortaleza do covarde, e a segurança seria a própria dor, misérias e migalhas pra te prender, o desconhecido ofuscado pelo mistério de um surdo.
Prefiro me entregar a qualquer idéia vaga que traga bonança e contradição comprada, o grito contido pode causar engano a quem ama, e a boa intenção pode ser meu fim.
Prepare a cena por que quero ver o ridículo insistente, quero toda dor que for minha, perdão se não for sincero e só vaidade.
A força da paixão arruína corações solitários, arrebenta toda possibilidade de suprir carências de um amor santo, tão esperado e tão impossível, mesquinho como um deserdado.
Fico com a saudade e você com a indiferença do destino inventado, aceitação e fraqueza mascarada de conveniência.
Teu mel meu néctar de perfume derretido e retido num tecido de seda na alameda de sal, não faz mal, só quero você.
Amor não se explica se sente, o amor provoca, conforta, e abre a porta do mistério de um beijo.
Cristiano Munhoz